sexta-feira, 12 de abril de 2013

João Pedro Príncipe
"Ouvir é uma ferramenta que só não está trademarked pelos Toastmasters porque não calhou."



O João Pedro é membro do Oporto Toastmaster Club desde fevereiro de 2012.

Em julho juntou-se à equipa da VPPR Sara Magalhães e avançou com a sua ideia de editar uma newsletter para o OTC.




Tem 24 anos e fala assim, na primeira pessoa, sobre a sua experiência de ser Toastmaster.  


Modéstia à parte, a ideia era genial! Aliás, genial é um eufemismo: era sublime! Infalível! Assim que expus a ideia da nossa equipa e o plano de negócios sucinto, nos bastidores, ao nosso coach, ele ficou persuadido. Só me restava subir ao palco e apresentar o projecto em 2 minutos para a vasta plateia composta por adversários e júris. Ser dinâmico, espontâneo, apelativo - enfim, o habitual! Estava prestes a descobrir, da pior maneira possível, que tinha menosprezado esta pequena etapa.


Refiro-me à Final Nacional do Leadership Tournament 2011, levada a cabo no dia 25 de Novembro do mesmo ano e organizado pela AIESEC. Ficámos em 3º lugar. Nada mau, certo, mas os 3 primeiros lugares foram definidos por uma unha negra (no sentido figurativo, entenda-se) e o que mais me desconcertou foi que teríamos ficado em primeiro, não fosse pela minha deplorável apresentação. 

Foi um dia inteiro de desafios e pontuámos as pontuações mais elevadas em todos, menos… No último: o desafio que me competia apresentar e que correu tão mal que foi o suficiente para descompensar e nos trazer para 3º lugar. “O que te aconteceu? Nem parecia que estavas a apresentar ao público o mesmo que me apresentaste a mim há 10 minutos” disse o coach. Pois bem, não foi difícil perceber que nas resoluções de Ano Novo iria ter de arranjar forma de resolver este problema.

Escolhi dedicar duas das 12 passas mágicas que me entregaram na noite de fim de ano ao desejo de me tornar insigne na comunicação pública; um autêntico orador persuasor inerrante. Rapidamente me apercebi que assim, famulento mas refastelado, não obteria nenhuns resultados, pelo que logo após o final dos exames na Universidade, dediquei algum tempo à procura na internet por… nem sei bem o quê! Sinceramente, não fazia a mínima ideia do que poderia descobrir… Muito menos como procurar: “Grupo de auto-ajuda para oradores miseráveis”? “Como encantar e persuadir multidões com a sua voz de cana rachada”? “Deepak Chopra for Dummies”? 

Confesso que não vos consigo precisar exactamente qual a encantada combinação de palavras que utilizei, mas a verdade é que após uns largos minutos de pesquisa encontrei uma página de Facebook de um tal “Oporto Toastmasters Club”. 

Então continuei e pesquisei mais sobre os Toastmasters… Fiquei interessado em saber mais e após o meu primeiro contacto fui convidado a visitar uma sessão! Um programa que eu adoro ver é o Whose Line Is It Anyway (WLIIA) posso (e devo) desde já aconselhar todos os Toastmasters (e pessoas em geral com sentido humor minimamente prezável) a espreitar umas cenas de episódios disponíveis no youtube) e no final da primeira sessão a que assisti fiquei completamente fascinado por pensar que os discursos apresentados de si só já eram divinais, mas aqueles discursos de improviso faziam-me lembrar os génios do WLIIA! Na segunda sessão a que fui, tornei-me membro! Oh boy, was THAT going to change my life forever.


JPP em versão Cristiano Ronaldo.
Eu nem sabia que era possível discursar tão bem de improviso fora do ecrã da minha televisão! Quis logo fazer-me membro, mas… Aconselharam-me a assistir a uma segunda sessão para que tivesse a certeza que o clube e o conceito em si iam de encontro aos meus objectivos, pelo que…

Não tenho quaisquer pruridos em dizer que se fosse hoje, tínhamos ganho o 1º lugar nacional no Leadership Tournament 2011. Indubitavelmente. Mas a vida tem uma certa ironia - é que embora na altura tivesse ficado desolado e quase que encolerizado comigo próprio, hoje estou (muito) grato pelo meu fracasso, porque foi o que me levou ao encontro dos Toastmasters!

Eis então, em jeito de conclusão, o suminho da minha experiência enquanto Toastmaster:
Eu considerava-me bom orador, tinha muito à vontade a falar… em apresentações no secundário e… a fazer espectáculos de magia para a família. Quer dizer… Francamente, quem é que não é bom a comunicar com colegas (de escola, de trabalho,…) e com família? 

Os Toastmasters providenciam um espaço de melhoria e crescimento com pessoas novas. E, enquanto que o clube tem sempre mais ou menos os mesmos membros e alguns poderiam alegar que acabamos por nos adaptar e ficar numa nova zona de conforto, é aí que vêm convidados às sessões, ou que entra uma sessão num clube anfitrião que nos convida, ou que fazemos uma sessão numa instituição externa (como recentemente na Ordem dos Engenheiros no Porto)! Todo o conceito roda em torno de nos estimular, expondo-nos a diferentes públicos ao longo do nosso percurso. 

O ambiente é de melhoria contínua: cada discurso, cada função, cada intervenção que fazemos é alimentada por “feedforward”(by Rui Henriques) rico, pertinente e motivador de outros membros. É usada a técnica sanduíche, o que facilita o reconhecimento de um Toastmaster apenas pela observação da sua avaliação de um discurso.

É que enquanto muitos indivíduos teriam receio ou, até, nalguns casos, falta de imaginação para apontar defeitos e pontos específicos de melhoria, um Toastmaster faz sempre questão de dotar a sua avaliação sanduíche de um bife bem suculento e rico em proteínas para fazer crescer os músculos da comunicação e liderança do avaliado (inside joke para Toastmasters com a apresentação de respeitosas desculpas aos vegetarianos pela imagem mental criada).

Ouvir é uma ferramenta que só não está trademarked pelos Toastmasters porque não calhou.

Após uns meses nos Toastmasters, fiquei com uma sensação a que só posso igualar a sensação de aderir a uma promoção num retalhista de “Pague 2, leve 1.000.000”. Aderi ao clube para melhorar as minhas competências de comunicação e obtive isso e muito mais. 

Nos Toastmasters, está tudo construído de forma a evoluirmos em todos os aspectos da nossa vida, mesmo (e principalmente) em construção de carácter! Pela partilha de experiências dos membros do meu e outros clubes que tive o prazer de visitar aprendi incomensuravelmente muito, e em termos funcionais e objectivos, o percurso Toastmaster enfatiza dois módulos-pilar: o Competent Communicator e o Competent Leader, sendo que todos os membros são incentivados a enveredarem pelos dois percursos assumindo funções nas sessões. 

Poder-me-ia estender a explicar o que são as sessões e que funções existem, mas ficar-me-ei por aqui – para os curiosos, imprimam este texto e apresentem no clube Toastmaster mais perto de vocês! Vale uma entrada como convidado! Acreditem, vale bem a pena!

A cereja no topo do bolo é que aprendi e cresci muito em aspectos fulcrais para a minha presente vida pessoal e académica e para a futura vida profissional de forma… Divertida! Não há uma única sessão aborrecida e prova disso é que todas as sessões do OTC começam pelas 21h e terminam depois das 23h e, enquanto em todos os outros dias a partir das 21h30 já estou a bocejar desalmadamente e mesmo sendo o bocejo um reflexo corporal supostamente incontrolável, nunca em alguma sessão dos Toastmasters (em mais de um ano) expeli um bocejo!

Só posso terminar em tom de forte agradecimento a todos os membros do Oporto Toastmasters Club que me acolheram e ensinaram tanto ao longo destes largos meses. É indescritível a sensação de poder ver semanalmente várias pessoas que tenho como ídolos da comunicação discursar e por vezes ter o privilégio de ouvir os conselhos deles sobre como me aproximar da perfeição comunicacional de que eles próprios fruem! 



Espero continuar a fazer parte desta família for many forthcoming years e que vos consiga de alguma forma retribuir pelo quanto me ajudaram a crescer e a tornar-me uma pessoa melhor, mais consciente e incalculavelmente mais confiante. Muito obrigado!

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